quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ARTE SESC Cultura Por Toda Parte


Dentro da programação estadual do SESC-rs de Novembro e Dezembro de 2010

Não percam a Circulação de Contação de estórias pelo Vale do Caí

18 de Novembro

TABAÍ
Rs-287 Km 30
Ginásio Pedro Rosa
Horários: 9h e 14h

19 de Novembro
PARICI NOVO
bananal
Horário: 9h

19 de Novembro
SÃO JOSÉ DO SUL
rua Valdemar José bohn, s/nº
Horário: 14h

19 de Novembro
SÃO PEDRO DA SERRA
rua Hugo Hommerdig,145
Horário: 16h.

Projeto de circulação com SESC- Novembro de 2010

CONTAÇÕES DE ESTÓRIAS
COM
CARMEM MORAES

Sinopse
Com Causos de Eduardo Galeano, histórias e estórias de Marina Colassanti, José Eduardo Agualusa, Ana Maria Machado, Neill Philip (volta ao mundo em 52 histórias), assim como Lendas do sul do Brasil e da Guiné Bissau, a atriz e Contadora de histórias traz com as estórias temas como respeito, cidadania, diferença social, amizade, Valorização da nossa terra , medo e reciclagem no seu Repertório. Buscando em cada Sessão de Contação de Histórias e Estórias, emprestar seu corpo, sua voz e seus afetos ao texto que narra, para que o mesmo deixe de ser signo para se tornar significado. A Contadora cria imagens no ar materializando o verbo e transformando-se ela própria nessa matéria fluída que é a palavra.

domingo, 8 de agosto de 2010

RINO O RINOCERONTE (criação na oficina de Conto Sonoro)


Luana Hiriam Novo Flores
Breno Silva Pinto
Juliana da Silva Susyquen
Viviane Matiello
Era uma vez um rinoceronte* chamado Rino, que pertencia a uma bruxa* a Malvadina. O Rino era um grande detetive, que um dia, em uma de suas caçadas encontra o corpo de uma bruxa* atrás das pedras. A bruxa estava jantando* ao luar com barulho de àgua* que descia de uma cascata. Encontrando a bruxa*, ele a levou para conhecer Malvadina, a outra bruxa*da qual ele pertencia.
A bruxa* Malvadina ficou muito feliz* com a visita da outra bruxa*. Foi então, que resolveram fazer uma festa*. Rino convidou seus amigos, o elefante*, a onça*, o gato*, a girafa*,o boi*, o macaco*, o urso*, o cachorro*, a pulga*, a cobra*, o burro*, entre muitos outros animais.
O Rino* passou a ser amigo da Bruxa*, e assim viveram Felizes para sempre.


domingo, 25 de julho de 2010

O PÃO DOIDÃO (Conto criado na oficina)


Laura Gabriela Moraes da Silva
Luis Eduardo bastos Lima
Yeva Pena Pierro
Amanda Santos Serate
Alexandra Nilderauer Nitibailoff

Era uma vez uma porquinha*, ela ía todos os dias para escola com sua melhor amiga galinha* que se chamava Cristiôpa. As duas sempre iam de patinete para escola, certa vez no caminho pra escola foram atacadas por uma bruxa* que capturou elas, e às levou para uma padaria para comer pão*, nesse pão havia muito Fermento, que fez porém, que ficassem, com uma indigestão*. Elas ficaram uma semana no hospital.
Na semana seguinte, tiveram alta e puderam ir felizes de volta para suas casas, com seus Patinetes*.
Fim

Participantes da Oficina de Conto Sonoro em Processo Coletivo






















Olá amigos! No sábado 24 de julho, ministramos uma Oficina de Conto Sonoro, oficina em que trabalhamos as possibilidades de Narrar-Contar e suas Sonoridades. Com propostas e exercícios oriundos do Teatro e da Música, buscamos oferecer as crianças uma vivência de criação na Arte de Contar histórias e suas potencialidades expressivas Sororas.

Ficamos imensamente felizes com a participação de todos na oficina, esperamos encontrá-los novamente! As fotos acima são dos participantes da Oficina:
Amanda Santos Serati, Alexandra Nilderauer Nitibailoff, Yeva Pena Pierro, Luis Eduardo Bastos Lima, Laura Gabriela Moraes da Silva, Luana Hiriam Novo Flores, Breno Silva Pinto, Juliana da Silva Suziquen, Viviane Matiello, Gabriela, Cassia k., Arthur, Elisa, Victor, Paulo.
Grande Abraço à Todos!!!!
.








OFICINA DE CONTO SONORO MINISTRADA POR CARMEM MORAES E DANIEL GEHLEN NA LIVRARIA CULTURA EM 24-07-10











segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma Noite de Histórias no Acampamento do Zeki


Uma Noite de Histórias no Acampamento do Zeki


Férias de Julho na Livraria Cultura, Não percam!!!

Nessas férias de julho a livraria cultura (bourbon Shopping Country Av.tulio deRose, 80) virou um acampamento. Durante todo o mês de julho, uma série de programações gratuitas farão parte da alegria da Criançada. Não percam!!!
Acessem a programação no http://www.feriasnacultura.com.br/
Uma noite de Histórias no acampamento do Zeki é a proposta de trabalho que o grupo Contando Cantando Estórias realizou na livraria, foi uma sessão de contação de histórias com muito suspense e espírito de aventura. Regada a boa música, propômos uma vivência lúdica, com histórias que trouxeram temas como: Reciclagem e reflorestamento, este trabalho foi realizado nas seguintes datas:
07 de julho às 16h
11 de julho às 17:30
14 de julho às 16 h
18 de julho às 17: 30
E para próxima semana: OFICINA DE CONTO SONORO
Oficina Gratuita para crianças de 6 a 12 anos
No dia 24 de julho às 16 horas
com Carmem Moraes e Daniel Gehlen
Nesta oficina, os amigos do Zeki, Carmem e Daniel ensinarão as crianças a criar um Conto Sonoro. Em dinâmicas, com grupos divididos, serão feitas algumas propostas dentro do tema. Após a criação dos contos serão socializados para o grande grupo, as criações de cada grupo.
Aguardamos você lá!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Contar Histórias




Em um documentário a que assisti, denominado Histórias, de Paulo Siqueira, foi dito que, quando duas pessoas compartilham uma história, já saem da sala com fortes vínculos de parentesco. Acredito que contar histórias é muito importante, porque acabo dando o melhor de mim para as pessoas. Ao contar uma história, entro em comunhão com os que me escutam. Contar histórias é compartilhar idéias, emoções, palavras. As palavras aqui neste trabalho são de extrema importância e, assim como coloca Jorge Larrosa,

"O homem é o vivente com palavra. E isso não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa ou uma faculdade,ou uma ferramenta, mas que o homem é palavra, o homem é como palavra, que todo o humano tem a ver com a palavra, dá-se em palavra, está tecido de palavras,que o modo de viver próprio desse vivente que é o homem se dá na palavra e com a palavra. Por isso, atividades como atender às palavras, criticar as palavras, escolher as palavras, cuidar as palavras, inventar as palavras , proibir as palavras, jogar com as palavras, transformar as palavras etc., não são atividades ocas ou vazias, não são mero palavrório. Quando fazemos coisas com as palavras,do que se trata é de como damos sentido ao que somos e ao que nos acontece, de como juntamos as palavras e as coisas, de como nomeamos o que vemos ou o que sentimos e de como vemos ou sentimos o que nomeamos". (LARROSA,2004,p.153)

No referido documentário foi colocado, com muita ênfase, que a narrativa é necessária, nós necessitamos de narração, nós somos a matéria narrada, o tempo todo, até mesmo no silêncio. Trazer para minha reflexão a figura do “contador” de histórias e suas nuances entre a narração e a atuação é, dentro deste contexto, trazer a atriz/performer, que busca não esconder ou camuflar sua relação com o público, tomando cuidado de limitar-se a um confronto que não se converta em encenação sofisticada. Patrice Pavis, em seu Dicionário de teatro (2001), traz uma definição sobre o contador de história:

O contador de histórias é uma artista que se situa no cruzamento de outras artes: sozinho em cena (quase sempre) narra sua ou uma outra história, dirigindo-se diretamente ao público, evocando acontecimentos através da fala e do gesto, interpretando uma ou várias personagens, mas voltando sempre ao seu relato. Reatando os laços com a verbalidade. (PAVIS,2OO1,p.69)

Para mim, tornou-se importante ressaltar a verbalidade, na medida em que isso se relaciona diretamente com o modo como eu vejo e exercito minha arte.


Acredito que, hoje em dia, é mais necessária do que nunca a comunhão de histórias, das nossas histórias, pois o ser humano tem se tornado descartável, substituível por maquinários. Quando digo substituível me refiro a esta mediação cibernética que nos afasta dos olhares (olho no olho) e desta relação, cada vez maior, do não presencial e sim daqueles seres humanos que são cada vez mais mediados por tecnologias. Essa forma de contato - contar histórias - se dá em menor escala e é nesta arte de contar que, também, visualizo uma comunicação mais próxima e de verdadeiros encontros. O teatro e sua efemeridade sempre me mostraram o sentido e suas infindas possibilidades, até mesmo quando parecia não fazer sentido. Lendo Patrice Pavis começo a perceber, com maior complexidade, as diferenças e sutilezas da contação de história, narração e narrativa, que podem se fazer presentes no espetáculo teatral e também na Contação-espetáculo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

BELAS MENTES RECEPTIVAS!!!



... "SÓ A PRÓPRIA HISTÓRIA PERMITE UMA APRECIAÇÃO DE SUAS QUALIDADES POÉTICAS, E, COM ISSO, UMA COMPREENSÃO DA MANEIRA PELA QUAL ENRIQUECE UMA MENTE RECEPTIVA".

Continuação da Alma e o coração da Baleia













No dia 15 de maio as histórias chegaram de barco, ao som do Violão, na música O Mocho e a gatinha. Buscamos trazer em nossas sessões a musicalidade que cada história pede naquele momento, Daniel Gehlen(músico) é responsável pelas preciosas sugestões e execução das músicas que iniciam e entrelaçam as Histórias Contadas. Nesta Sessão foram contadas: A Girafa que comia as Estrelas e A Alma e o Coração da Baleia, história da qual darei continuidade agora

... E aconteceu que a moça caiu estatelada na sua frente e a luz se apagou.

O mal estava feito. A casa ficou fria e escura, o cheiro de gordura e sangue deixou o corvo enjoado. Inutilmente ele procurou a porta para sair dali e, cada vez mais nervoso, começou a se coçar de tal modo que arrancou todas as penas." Agora que vou morrer congelado", choramingou, tremendo até os ossos.

A moça era a alma da baleia, que a impelia para a porta toda a vez que enchia os pulmões de ar. Seu coração era a lanterna acesa. Quando o corvo a tocou, a chama se extinguiu. A baleia estava morta e guardava em seu interior o pássaro intrometido.

Depois de muito chorar e pensar, o corvo finalmente conseguiu sair das escuras entranhas e sentou no dorso daquele imenso defunto. Ensebado, sujo,depenado era uma tristíssima figura.

A baleia morta ficou flutuando no mar até que desabou uma tempestade e as ondas a empurraram para a praia. Quando a chuva parou, alguns pescadores saíram para trabalhar e viram a baleia. O corvo também os viu e se transformou num homenzinho feio e estropiado. Então, em vez de confessar que se intrometera onde não fora chamado e destruíra algo de belo que não conseguia compreender, -se a gritar: " Eu matei a baleia! Matei a baleia!". E assim se tornou um grande homem entre seus pares.

Esta história foi emprestada do livro:

Volta Ao Mundo Em 52 histórias de Neil Philip- Companhia das Letrinhas

Abraço e até dia 05 de maio na Livraria Cultura às 15hrs.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sábado Haverá Contação

A Alma e o Coração da Baleia

Era uma vez um corvo muito bobo e convencido que voou para bem longe e foi parar no mar. Exausto de tanto bater as asas, procurou um lugar para descansar, mas não avistou nenhum pedaço de terra no meio de toda aquela água."Vou morrer afogado", suspirou, já sem forças para continuar voando.

Nesse exato momento uma enome baleia subiu á tona, e o corvo, sem pensar duas vezes, mergulhou naquela bocarra aberta. Foi parar na barriga da baleia, onde para seu espanto, deparou-se com uma casa muito limpa e confortável, bem iluminada e quentinha.

Uma jovem estava sentada na cama, segurando uma lanterna."Fique à vontade", disse ela amavelmente. "Mas, por favor, nunca toque na lanterna." O corvo, feliz da vida, prometeu que jamais faria tal coisa. A moça parecia inquieta. A todo instante se levantava, ia até a porta e voltava a sentar-se na cama. "Algum problema?" perguntou o corvo. "Não...,ela respondeu. "É só a vida ... e o arque se respira."

O corvo estava morrendo de curiosidade. Assim, quando a jovem foi até a porta, resolveu tocar na lanterna para ver o que acontecia. E aconteceu, aconteceu que a moça....





Esta será uma das histórias que iremos contar. E quem quiser saber o resto da história, é sabado na Cultura.
História de Esquimó, foi Pamik , um esquimó da Região do rio Utokok, no Alasca, que contou a um etnólogo dinamarquês Knud Rasmussen está história sombria, que revela o respeito de seu povo pela beleza e a fragilidade da vida no ambiente inóspito do Ártico.

Sábado dia 15 de maio, às 15horas
Faremos uma Sessão de Contação na Livraria Cultura (Livraria Cultura Bourbon Shopping Country - Av. Túlio de Rose, 80 - Loja 302 - Passo DAreia - Porto Alegre/RS).

Não Percam!!! Abraços e Att

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Texto de Andre Susin Mestrando em Filosofia- Ufrgs

O estranho sonho de Alice


“Alice no país das Maravilhas” pode ser abordada tendo como tema condutor, a ideia de uma crítica da realidade adulta através do imaginário onírico da criança. Vamos dizer que através das figuras de sua fantasia maravilhada e surpreendente, ela acaba revelando as inconsistências ocultas de uma realidade aceita e dada. Ela confronta essa realidade extremamente moralizante com sua contraparte cômica e absurda. Desde o primeiro capítulo da obra vemos sendo mobilizado os pares de opostos bom senso burguês/irracionalismo das figuras poéticas com que Alice se defronta; passividade/atividade da criança.
No inicio da obra o que mais nos chama a atenção é a descrição dos sentimentos subjetivos da Alice. Nós vemos Alice extremamente entediada e sonolenta com a leitura que a irmã faz para ela, ali sentada no jardim, a beira de um lago. Nas representações habituais vemos a irmã mais velha lendo um livro para Alice. Mas o que o texto nos diz é que a irmã lia um livro e que Alice já havia espiado algumas vezes o que ela lia. A pergunta que temos que fazer é: que tipo de livro a irmã de Alice está lendo naquela tarde de forte calor? A resposta a Alice mesma nos fornece: um livro sem diálogos e sem figuras. Nós temos que pensar que a obra de Lewis Carrol foi escrita em plena era vitoriana. Tratava-se de um período marcado por um extremo rigor moral, por uma grande repressão sexual e um rígido controle do imaginário. Os valores e virtudes valorizadas, no século XIX inglês, eram a disciplina, a retidão (seriedade), a limpeza, o trabalho árduo, a autoconfiança, o patriotismo. As virtudes eram também entendidas em suas conotações sexuais de castidade e fidelidade conjugal. A imagem que temos desse período, se aproxima da concepção popular do Vitorianismo como obsessivamente puritano em suas caracterizações, um período de forte repressão sexual.
O estilo literário mais apreciado nessa época era o romance ou folhetim, geralmente publicado em fascículos semanais em revistas que tratavam sobre assuntos relativos à classe média inglesa. Tais textos serviam, em princípio, ao entretenimento das famílias que cultivavam o hábito dos serões de leitura, já que as performances teatrais não eram vistas com bons olhos; mas tais textos deveriam prestar-se à exaltação dos valores morais. A respeito disso é interessante salientar que os próprios editores davam conta de assegurar que nenhum texto publicado ferisse este princípio de reserva moral. Tratava-se, então, de um mundo que procurava conter toda e qualquer manifestação de sensualidade, que procurava arduamente promover o decoro, que repreendia tudo aquilo que fosse contrário ao bom senso e à ordem puritana. A literatura vitoriana exerceu, sem dúvida, um papel social dos mais importantes. Numa época em que os alicerces da sociedade eram erigidos a partir do seio da própria família, no cultivo dos valores já mencionados de retidão, seriedade, decoro, etc., com homens, mulheres e crianças exercendo papéis bastante definidos, a leitura edificante, realizada por e aos familiares era algo da maior importância. Talvez seja contra esse mundo extremamente conservador, de uma moral rigorosa que assinalava fortemente o papel e a posição da criança com relação ao mundo adulto que a personagem Alice se esforça por se emancipar.
Sobre o estatuto da criança é interessante reportar-se ao que o próprio autor disse em 1887, como sendo uma das razões, uma das motivações que estavam na origem desse livro. Ele dizia que sua intenção era “explorar um novo tipo de contos de fadas e isso para agradar uma criança, uma menina que ele amou”. Essa menina era Alice Lidell, uma das três filhas de seu amigo Henry Lidell. Conta a história que Carroll e seu amigo, o reverendo Duckworth, passeava de barco pelo rio Tâmisa todas as manhãs com as irmãs Lidell. Nessa época, Alice tinha dez anos de idade. Durante o passeio, com a intenção de divertir e agradar as meninas, Carroll foi inventando grande parte das aventuras que depois viriam a integrar a história tal como nós a conhecemos. Foi nesse momento, que a menina Alice, encantada com as histórias, pediu que Carroll escrevesse o livro. Nós vemos esse incidente sendo narrado no poema que abre o livro. Nesse poema, o autor faz menção ao passeio de barco ao lado das irmãs.
Nesse sentido, Lewis Carrol procurava se manter fiel à tradição do conto de fadas, tradição essa que havia sido interrompida pela época das Luzes, pelos ideias iluministas de emancipação através da educação e da valorização da racionalidade. Temos que lembrar que nessa época, esse ideal também já começava a ser questionado por filósofos como Marx e Nietzsche, e por diversos movimentos sociais que se fortaleciam nas sociedades européias. O conto de fadas sofreu uma forte retração quando se pensa que a época das Luzes perseguia toda e qualquer forma de superstição, de pensamento mágico. Por isso há toda uma verdadeira cruzada, permeada por esse espírito putitano, que se arma contra as fadas, os elfos, as bruxas, assimilados à criações diabólicas. Carroll precisa que sua intenção era de retomar, de se inserir no quadro dos contos de fada tradicional, pois que se tratava, na primeira ideia que ele teve da história, de fazer com que sua heroína se encontrasse na toca de um coelho. Mas é justamente aí, quando Alice deixa o mundo habitual, o jardim vitoriano com toda a sua moralidade repressora, que ela entra no universo do maravilhoso: ou seja, que uma pequena menina possa seguir um coelho ao fundo de sua toca, entender, falar e compreender sua linguagem reenvia a um mundo onde tudo é possível, onde a fronteira mesma entre o possível e o impossível não se deixa mais conceber nos termos da realidade. Nós entramos aí em uma outra temporalidade e em uma outra articulação do discurso que não é mais aquela do raciocínio desperto, mas do tempo onírico, do modo de articulação dos sonhos regulado pelos processos de condensação e deslocamento. Do mesmo modo, e aqui reside a principal diferença com relação ao conto de fadas tradicional, é a posição crítica e insólita que a protagonista assume com relação a esse mundo maravilhoso. Então, o que vemos é Alice passando daquele gesto de espiar o livro da irmã, entendiada por estar ali sentada sem fazer nada, naquela atitude de extrema passividade que era esperado de uma criança, passar para um plano de meditação, um plano de contemplação onde ela pressente o prazer de sair daquela atitude recatada, passiva, conforme os valores morais da era vitoriana, e colher flores para fazer uma guirlanda de margaridas. É nesse momento que ela vê um coelho passar correndo perto dela. O que é notável aqui é que a visão do coelho provoca em Alice uma dupla reação: num primeiro momento ela não viu nada de estranho naquilo, ou seja, que um coelho usasse colete, dele tirasse um relógio de bolso e murmurasse para si mesmo que estava atrasado. Aqui vemos um descentramento da história com relação ao maravilhoso tradicional – o maravilhoso aqui adquire um novo estatuto: ele não serve apenas para tornar tudo possível, tornar aquilo que é estranho em natural, mas para gerar efeitos de surpresa. É claro que a ideia de maravilhoso enquanto tornar tudo possível está presente quando Alice, querendo passar pela pequena porta que dá acesso ao jardim cheio de flores e fontes fresquinhas – que contrasta com o jardim em que ela estava sentada ao lado de sua irmã – imagina um meio de ficar pequena de modo a caber por aquela passagem. É como se ela dissesse: bom, já que tantas coisas maravilhosas acontecerem ultimamente, parece que nada mais é impossível de acontecer. Mas o que é mais interessante são esses lances de surpresa que acontecem na obra a todo momento. O choque de surpresa se caracteriza por esse arrebatamento que cliva a percepção, que faz com que a mesma realidade, a mesma coisa, seja vista diferentemente. Trata-se do surgimento de algo outro e inesperado que desafia e não se encaixa bem nas nossas categorias e expectativas habituais. Por outro lado, a surpresa maravilhada e insólita permite ao sujeito conceber que aquilo que lhe parece ser natural nada mais é que a banalização habitual de um longo hábito que esqueceu o fundamento estranho do qual essa aparente naturalidade se originou. E aqui seria interessante fazer uma rápida menção ao texto de Freud intitulado “O estranho”. Nesse texto freud explora a vinculação entre a noção de estranho a algo de extremamente familiar, conhecido, ou seja, certos fenômenos que estão na origem de determinados processos psíquicos. O importante aqui é apenas reter a ambiguidade do fenômeno do insólito que nos coloca em um estado de incerteza intelectual. Dessa maneira, o elemento do maravilhoso é aquilo que irrompe subitamente na realidade criando essa sensação de incerteza, um sentimento de ambiguidade que não se deixa reduzir a nenhum conceito, a nenhum juízo enfático. Assim, o maravilhoso coloca em dúvida, problematiza as regras e instituições que ordenam o espaço social na medida em que algo de aparentemente absurdo e sem-sentido eclode, de repente, sob a superfície do cotidiano. O maravilhoso, que em certo sentido remete ao contexto dos contos de fada – quando uma fada boa, com sua varinha de condão, realiza todos os desejos de seus protegidos –, penetra na vida cotidiana e transforma em estranho e incerto aquilo que era habitual e conhecido. Trata-se do assalto disso que há de inquietante e está no fundo de nossas relações regradas. Podemos dizer que toda a nossa subjetividade se organiza em torno de um núcleo traumático: é só pensar no caso do “Homem dos Lobos”, em que todas as fantasias, as ansiedades, as perturbações do indivíduo se deviam a cena primordial da relação sexual de seus pais; ou então, a cena traumática primordial que existe no inconsciente de certos indivíduos e que deforma e inibe sua atividade criativa, tal como a de um pai gritando que ele não passa de um inútil, que ele não fará nada de bom na vida.
Vemos, assim, que se trata de uma fuga do real opressor, de uma realidade desagradável à criança porque regrada exclusivamente pelo adulto. Então Alice desloca-se pelo país das Maravilhas, através de uma evasão pelo imaginário onírico. Ela deixa o jardim vitoriano e ingressa em um espaço íntimo regulado pela lógica do sonho, da fantasia. Nesse ponto, Alice não deixa de ilustrar algo sobre o desejo e a fantasia. O sonho e a fantasia não são a realização do desejo, mas outra coisa. O papel do sonho não é realizar os nossos desejos (pois se fosse assim, porque a gata de Alice nunca aparece?), mas é adiar o nosso encontro com a coisa que desejamos, pois apenas assim nós continuamos a desejar. Por isso, a fantasia nada mais é que o espaço onde o desejo é reproduzido, onde ele circula, onde ele é articulado. O espaço da fantasia é o lugar onde podemos articular nossos desejos, o que faz com que os objetos da realidade não sejam banais, triviais.
Nessa caminhada íntima pelo mundo do sonho, a personagem acaba emancipando-se de certa forma na medida em que ela vai superando os percalços, as dificuldades que vão surgindo à medida que ela vai percorrendo esse mundo interior. Essa desconformidade com a realidade circundante acaba por afirmar a inserção do maravilhoso no real. O que caracteriza essa viagem pelo país das maravilhas é o questionamento constante do mundo adulto, das instituições e normas que regulam as relações dos adultos entre si e dos adultos com relação às crianças.
O fantástico em Alice no país das Maravilhas não pertence ao cotidiano, ao natural, aquilo que é normal tal como acontece nos contos de fadas. O “era uma vez” dos contos de fada funciona como um mecanismo de suspensão das incongruências dos fatos narrados com relação à realidade; ele cria um espaço de literalidade, ou seja, quando um gato, um urso, uma árvore falam isso não tem nada de estranho para os personagens envolvidos na história, mas temos que tomar isso ao pé da letra, no sentido de que o gato está realmente falando. No caso da Alice, o maravilhoso é aquilo que surpreende, é o lugar do estranhamento, onde situações novas são experimentadas. Assim, Alice, ao deparar-se com suas próprias fantasias, admira-se e assombra-se, espanta-se com a presença desse imaginário onírico dentro de si mesma. Nesse sentido ela parece deixar a pergunta à época de se é possível pensar no mundo exterior, esse mundo socialmente compartilhado, sem a deformação desejante provocada pelo mundo interior, pelo imaginário subjetivo. Por contaminação o mundo exterior é visto como uma tela de projeção de nossas fantasias, sem a qual nada existe.
Então através do imaginário onírico da criança, das fantasias interiores, Alice acaba realizando um exercício crítico da sociedade adulta. A moralidade vitoriana acaba sendo contestada por meio desse percurso pelo maravilhoso. Por isso, nos diversos personagens da história podemos ver a condensação e o deslocamento de figuras que pertencem à realidade de Alice, tal como o cortesão preocupado com a pontualidade, que também é explorada no caso do chá-das-cinco; os esportes britânicos como o criquete são ironizados na cena do jogo com os flamingos; a imitação realista do mundo e a logicidade e organização coerente e racional do mundo na sequência do Gato; o incessante questionamento da organização linguística; na cena do julgamento, a prepotência e o arbítrio imperiais, o moralismo da nobreza, a repressão familiar, a burocracia estatal, etc.
O confronto de Alice com essa realidade vitoriana passa pelo aprofundamento do seu olhar através do percurso íntimo, pelas suas fantasias, pelo territorio do maravilhoso que mostra o fundo de absurdo que sustenta o mundo adulto.
O que pretendo dizer com essa aura de estranheza sentida pela própria Alice e que irrompe na vida cotidiana por meio das fantasias da menina? Que ao deformar o tecido linguístico, as normas sintáticas, os hábitos retóricos e discursivos, os jogos lógicos de linguagem e as figuras cômicas e absurdas ressoam dissonâncias de um além excêntrico. Essa excentricidade designa um estado de ingenuidade específica que vincula o descentramento de uma loucura à inteligência e imaginário infantis que produzem imagens inquietantes para as fantasias da época vitoriana sobre a razão e os relacionamentos sociais. Alice parece ser atraída e orientada por essa estranheza que ela capta, adivinha naquilo que há de mais habitual nos modos e costumes dos adultos, condensada em sua fantasia.
Desse modo, a obra de Carrol deixa captar o que há de essencial na experiência estética, ressaltado pelos filósofos ultimamente, que é esse vislumbrar daquilo que permanece inacessível para nós, os limites do nosso saber, do que pode ser conhecido. É um confronto com a alteridade absoluta, com aquilo que nunca é assimilado pelas aparências que procuram esgotar a realidade.

Fontes:
Rosenfield, K. Antígona – de Sófocles a Hölderlin.Wayne, E. O solo do sonho

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nossa Formação- Carmem Moraes






Graduada em Teatro: Licenciatura pela Uergs ( Universidade Estadual do Rio Grande do Sul)


Paticipou de Cursos, seminários e workshop com grupos como: Lume-Unicamp-sp,


Clown com Ana Elvira wuo e Pepe Nunes, seminários com Roberto Tessari e Yoshi Oida,


Oficinas de dramaturgia teatral do Sesc, As Potencialidades Cênicas do texto narrativo com Anna Pereira Esteves, Narrativas em cena com Julio Adrião


EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS


Atriz do Curta Metragem: Caixa de abelhas de Tiago Coelho


Espetáculo de conclusão de curso: Dona Morte e seus pequenos causos


Clown, Contadora de estórias


Professora Supervisora de Classe em Artes e Expressão da ACM ( Associação Cristã de Moços)
Canoas-rs 2008/2010


Professora de Teatro – Colégio Sinodal Roca Sales


Para crianças e adolescentes, de 1ªséries do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio
Ano:2001-2004


Responsável pelo projeto vovó na biblioteca do colégio sinodal Roca Sales
Ano: 2003-2004

Professora integrante do projeto Hora do Conto em Salvador do Sul (em escolas do município)
Ano:2005-2006.


Professora de Teatro no Projeto 2º Tempo do SESC em parceria com governo Federal para Crianças de baixa renda.
Ano:2006,1º e 2º SEMESTRE.


Professora integrante do projeto hora do conto na AABB de Montenegro-rs
Ano :2007



Nossa Formação- Daniel Gehlen

Graduando em Música pela Ufrgs (Universidade Fedaral do Rio Grande do sul)

Cursou o Básico de Música na Fundarte (Fundação de Artes de Montenegro)
Prática de violão e Teoria Musical.
Duração do Curso: De Março de 1996 até Dezembro de 2002

EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

Professor Particular de Violão e Teoria Musical

Integrante da Orquestra Jovem da Fundarte( Fundação de Artes de Montenegro)

Integrante da Camerata de Violões na Fundarte

Integrante do Canto Coral da Fundarte

Músico: Voz e Violão em; Bares, Restaurantes e Eventos.

Músico atuante em alguns Projetos do Sesc:

Mostra Nacional da História do Violão ( Mediador da mostra)
Aluno da Oficina de Violão com Turibio Santos .

Overdoze( Músico da banda filhos da Pauta)

50 anos de Bossa Nova( Músico)

Pojeto Música na Estação ( Músico convidado para fazer abertura do projeto).

Tributo a Carmem Miranda em Montenegro( Músico)

Obs: Daniel Gehlen teve uma participação muito especial, durante um tempo bem significativo nas Contações com Carmem Moraes. Contribuiu Maravilhosamente com sua Linguagem Musical, assim enriquecendo às sessões de Estórias. Atualmente, não faz mais parte Do trabalho.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Contando Cantando AS AVENTURAS DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

..."Foi assim que, bem devagar ,
o país das maravilhas foi urdido,
Um episódio vindo a outro se ligar
E agora a história está pronta,
Desvie o barco, comandante! Para casa!
O sol declina, já vai se retirar.

Alice! recebe este conto de fadas
E guarda-o, com mão delicada,
Como a um sonho de primavera
Que à teia da memória se entretece,
Como a guirlanda de flores murchas que
A cabeça dos peregrinos guarnece".

As Aventuras de Alice é nossa Contação de Estória mais recente. É uma contação que traz os doze capítulos de Alice no país das maravilhas e tem duração de 45 minutos, é uma contação que em moldes de espetáculo busca trazer a musicalidade, a teatralidade, desta narrativa que nos propomos Contar e que tanto encanta até os dias de hoje.
As músicas foram compostas pelo músico Daniel Gehlen, o roteiro foi criado por Carmem Moraes. Também temos a contribuição do Artista Plástico e Figurinista Fabrizio Rodrigues(maravilhoso!!!) indicado ao prêmio Açorianos2010 como melhor figurinista. E não podemos esquecer é claro, que esta Contação fez parte do projeto da Livraria Cultura: Alice no País dos Livros.
Um projeto que após a Contação de Alice, o público pode ser presentiado com a explanação de André Susin (mestrando em filosofia pela Ufrgs) sobre a obra de lewis Carroll dentro da ótica da Filosofia.
Mas Alice continua... A Contadora e o Músico com a honrosa missão de lutar pelas boas estórias, continuarão, pois a melhor maneira de lutarmos pelas estórias é CONTANDO-AS!!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nosso Trabalho

Era uma vez uma viola, uma voz e muitas estórias, podemos começar a contá-las agora...

Este é um projeto da atriz, professora de Teatro e contadora de histórias Carmem Moraes com o músico e professor de violão Daniel Gehlen , projeto que visa ressaltar a Arte de Contar Histórias, a oralidade, a musicalidade de cada história na cena de partilha com o público.

Contar para nós, é trazer as infindas possibilidades que a Contação/narração podem oferecer a estes artistas enquanto Performers, que segundo Patrice Pavis ,diz e faz em seu próprio nome.


O Trabalho que Desenvolvemos:

Sessões de Contações de história de aproximadamente 30 minutos, onde trabalhamos com contações elaboradas que primam pela qualidade das histórias e do repertório musical.

Público alvo: Crianças de todas as idades.

Também oferecemos um serviço de encomenda , no qual podemos trabalhar nosso repertório dentro das histórias solicitadas.


Contar histórias é compartilhar idéias, emoções,
palavras. As palavras aqui neste trabalho são de extrema importância.